Palestra no Colégio de Aplicação com a Profª Drª Maria Inês Sugai

24/07/2017 19:26

Reflexões sobre as cidades-  a produção das cidades: da riqueza, da pobreza e das desigualdades socioespaciais.

O grupo de professores de Geografia do Colégio de Aplicação, e o grupo de estudantes bolsistas do PIBID de Geografia organizaram na sexta-feira do dia 05 de maio, no auditório do Colégio de Aplicação a palestra com a arquiteta e professora Maria Inês Sugai, com o objetivo de proporcionar aos alunos do 1º ano do Ensino Médio uma reflexão/debate  sobre a produção das cidades, temática escolhida para auxiliar os alunos no trabalho anual de Geografia. A atividade faz parte do Projeto Nós Propomos.

Maria Inês Sugai possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo, é mestra e doutora pela FAU/USP. Leciona na UFSC desde 1979, atualmente é Professora Associada do Curso de Arquitetura e Urbanismo, além de lecionar também no Programa de Pós Graduação em Urbanismo, História  e Arquitetura da Cidade e no PPGAU- Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo todos da UFSC. Possui  ampla experiência em Arquitetura e Urbanismo, Segregação Espacial Urbana, Gestão das Cidades, Política e Planejamento Habitacional, Estruturação do Espaço Intra-urbano, Investimentos Viários, Ações do Estado  no espaço urbano entre outras especialidades.

Embora proferir sobre as cidades não seja nada simples, já que a criação das cidades reflete o modo de produção e a própria sociedade, esta temática instigou bastante os alunos, pois o debate permitiu a eles se verem inseridos no contexto, ora sujeito das desigualdades socioespaciais, ora cidadão e como tal, a importância de se fazer cidadania, plenos  e conscientemente integrados  ao seus contexto sociais. Sugai  estimulou a reflexão sobre as contrariedades que costumamos encontrar em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis ainda que em menor escala. Citando exemplos clássicos como a Favela de Paraisópolis, na zona sul paulistana, no distrito da Vila Andrade, onde a paisagem urbana se divide de forma a chamar a atenção de todos, pois de um lado do muro se concentra uma das maiores favelas de São Paulo originada de um loteamento destinado à construção de residências da classe alta no ano de 1921, resultado da divisão da antiga Fazenda do Morumbi.

SAO PAULO, BRAZIL, 2005. The Paraisópolis favela (Paradise City shantitown) borders the affluent district of Morumbi in São Paulo, Brazil (Foto: Tuca Vieira).

Foto de Tuca Vieira. In: http://www.tucavieira.com.br/A-foto-da-favela-de-Paraisopolis

Hoje a imagem que mais reflete esta situação de fragmentação socioespacial nesta localidade é  a favela de um lado e os condomínios de luxo “ colado” à favela do outro. Em relação a isto Sugai chama atenção que reduzir a pobreza não garante a redução das desigualdades sociais e espaciais.

Um exemplo disso é que entre os anos de 1992 a 2012 houve uma redução da pobreza e da extrema pobreza no Brasil, cerca de 50 milhões de pessoas representam esta estatística, porém no ano de 2003 os 10% dos mais ricos recebiam 52 vezes mais do que os 10% mais pobres, esse percentual caiu para 40 vezes em 2009.

Contudo, o trabalho de Sugai demonstra que a cidade, e em especial, a cidade de Florianópolis ainda são espaços de separação, de fragmentação. Com o direito aos espaços de lazer, cultura e arte relegados aos bairros de classe alta na cidade.

Foto: Maciço do Morro da Cruz, Centro de Florianópolis. Autor: Orlando Ferretti, abril de 2009.