Palestra no Colégio de Aplicação com a Profª Drª Maria Inês Sugai
Reflexões sobre as cidades- a produção das cidades: da riqueza, da pobreza e das desigualdades socioespaciais.
O grupo de professores de Geografia do Colégio de Aplicação, e o grupo de estudantes bolsistas do PIBID de Geografia organizaram na sexta-feira do dia 05 de maio, no auditório do Colégio de Aplicação a palestra com a arquiteta e professora Maria Inês Sugai, com o objetivo de proporcionar aos alunos do 1º ano do Ensino Médio uma reflexão/debate sobre a produção das cidades, temática escolhida para auxiliar os alunos no trabalho anual de Geografia. A atividade faz parte do Projeto Nós Propomos.
Maria Inês Sugai possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo, é mestra e doutora pela FAU/USP. Leciona na UFSC desde 1979, atualmente é Professora Associada do Curso de Arquitetura e Urbanismo, além de lecionar também no Programa de Pós Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade e no PPGAU- Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo todos da UFSC. Possui ampla experiência em Arquitetura e Urbanismo, Segregação Espacial Urbana, Gestão das Cidades, Política e Planejamento Habitacional, Estruturação do Espaço Intra-urbano, Investimentos Viários, Ações do Estado no espaço urbano entre outras especialidades.
Embora proferir sobre as cidades não seja nada simples, já que a criação das cidades reflete o modo de produção e a própria sociedade, esta temática instigou bastante os alunos, pois o debate permitiu a eles se verem inseridos no contexto, ora sujeito das desigualdades socioespaciais, ora cidadão e como tal, a importância de se fazer cidadania, plenos e conscientemente integrados ao seus contexto sociais. Sugai estimulou a reflexão sobre as contrariedades que costumamos encontrar em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis ainda que em menor escala. Citando exemplos clássicos como a Favela de Paraisópolis, na zona sul paulistana, no distrito da Vila Andrade, onde a paisagem urbana se divide de forma a chamar a atenção de todos, pois de um lado do muro se concentra uma das maiores favelas de São Paulo originada de um loteamento destinado à construção de residências da classe alta no ano de 1921, resultado da divisão da antiga Fazenda do Morumbi.
Foto de Tuca Vieira. In: http://www.tucavieira.com.br/A-foto-da-favela-de-Paraisopolis
Hoje a imagem que mais reflete esta situação de fragmentação socioespacial nesta localidade é a favela de um lado e os condomínios de luxo “ colado” à favela do outro. Em relação a isto Sugai chama atenção que reduzir a pobreza não garante a redução das desigualdades sociais e espaciais.
Um exemplo disso é que entre os anos de 1992 a 2012 houve uma redução da pobreza e da extrema pobreza no Brasil, cerca de 50 milhões de pessoas representam esta estatística, porém no ano de 2003 os 10% dos mais ricos recebiam 52 vezes mais do que os 10% mais pobres, esse percentual caiu para 40 vezes em 2009.
Contudo, o trabalho de Sugai demonstra que a cidade, e em especial, a cidade de Florianópolis ainda são espaços de separação, de fragmentação. Com o direito aos espaços de lazer, cultura e arte relegados aos bairros de classe alta na cidade.
Foto: Maciço do Morro da Cruz, Centro de Florianópolis. Autor: Orlando Ferretti, abril de 2009.